Repensar a escrita da História é tarefa que vem ocupando um lugar considerável na produção de historiadores, sobretudo, ao longo do século XX. Considerando outros sujeitos, objetos e olhares, o campo historiográfico abre-se para novos problemas. Este texto apresenta possibilidades de escrita da História na interface com a sexualidade a partir da produção literária de Cassandra Rios (1932-2002), escritora conhecida como a “mais proibida do Brasil”, a julgar por seus mais de trinta livros vetados pela censura vigente, também, na Ditadura Militar. A partir de alguns questionamentos colocados pelo campo da História das Mulheres, apresenta-se uma possibilidade de escrita da Histó-ria por meio da perspectiva de mulheres lésbi-cas, haja vista a temática abordada por Rios em grande parte de sua escrita, voltada para histórias de desejo entre mulheres. Ao final, apontam-se perspectivas em Cassandra Rios de visibilizar tais sujeitos, geralmente ausentes na historiografia, e a potencialidade de sua produção literária como fonte pertinente na (re)escrita da história de sujeitos com sexualidades dissidentes.
Rethinking the writing of the History is a task that has been occupying a considerable place in the production of historians, especially, throughout the 20th century. Considering other subjects, objects and views, the historiograph-ical field opens up to new problems. This text intends to present possibilities ofwriting of His-tory in the interface with sexuality based on the literary production of Cassandra Rios (1932 –2002), a writer known as the “most forbidden in Brazil”, it was concluded by the thirty books ve-toed by censorship, also, in the military dicta-torship. From some questions raised by the field of the History of Women, a possibility of writ-ing of History from the perspective of lesbian women is presented, considering the theme ap-proached by Rios in the most part of her writing, focused on stories of desire among women. In the end, perspectives are pointed out in Cassan-dra Rios to make visible these such subjects, generally absent in the historiography, and the potential of her literary production as a relevant source in the (re)writing of subjects’ history with dissident sexualities.