Escrita, leitura e autonomia: desejo de cultura – vontade de saber

Revista De História Regional

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ISSN: 1414-0055
Editor Chefe: [email protected]
Início Publicação: 30/06/1996
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Escrita, leitura e autonomia: desejo de cultura – vontade de saber

Ano: 2011 | Volume: 16 | Número: 1
Autores: Helena Isabel Mueller
Autor Correspondente: Helena Isabel Mueller | [email protected]

Palavras-chave: história da cultura escrita, história da leitura, autonomia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Ser capaz de escrever, narrar um fato acontecido
ou pertencente ao imaginário e, mais que isso, ser capaz
de ler o que foi escrito desde tempos imemoriais é uma das
atividades mais desejadas socialmente. A instituição escolar
está encarregada de ensinar a escrever e a ler, função
assumida pelo estado desde a Revolução Francesa. Há, no
entanto, uma distância entre o desejo e sua realização que
se deve a inúmeros motivos, o que não cabe aqui analisar.
O presente trabalho discute a apropriação da autonomia no
ato de aprender, fruto do desejo de cultura, da vontade de
saber que moveu indivíduos, e/ou grupos de indivíduos, a
procurar o aprendizado da leitura e da escrita por si sós. A
distância entre a fala do outro, daquele que sabia como falar
e o que dizer, e a fala dos operários – que por defi nição não
sabiam como falar - levou trabalhadores a dedicarem seu
descanso a aprenderem a ler/escrever e assim poderem expressar
suas reivindicações sem intermediários. Da mesma
forma, Luce Fabri narra o desejo de saber de operários anarquistas
italianos do fi nal do século XIX. Jack London, escritor
americano, aprimora o saber, burila a escrita dedicando-
-se a aprender por si só. O desejo de aprender, nos casos
narrados acima, mostra que emancipação e autonomia são
faces da construção da autonomia e da liberdade.



Resumo Inglês:

Writing and reading are activities socially reinforced
and being capable of doing it separates men in social
hierarchy. Not only just knowing how to read and write butmainly read and write in a proper manner that leads also to
a proper way of speaking. This article discusses how, in different
circumstances, the desire for culture and knowledge
moved individuals and/or groups of individuals to search
the apprenticeship of reading and writing on their own, appropriating
themselves of their autonomy by doing so. Three
moments will lead the discussion: the laborers that dedicated
their sleeping hours to read so they could acquire the
knowledge to become equal to their employers when demanding
for their rights, on the eve of the French Revolution; the
desire for culture of the anarchist workers in Italy in late XIX
century as described by Luce Fabri; and the desire for knowledge
and culture of Jack London who dedicated himself to
learn by his own. Those tree moments can be seen as faces
of the construction of autonomy and freedom.