Neste artigo discute-se a preservação da memória em antigos leprosários, instituições criadas, nas décadas de 1930 e 1940 para isolar pessoas acometidas pelo Mal de Hansen. Com a política de profilaxia da lepra, o exercício do poder disciplinar, perpassado pela perseguição e pelo isolamento social, gerou um tipo de experiência traumática compartilhada. O sofrimento humano, de pessoas que tiveram seus direitos violados por políticas de estado, tem sido foco de atenção no campo do Patrimônio Cultural, pois as memórias incômodas, de eventos que marcaram a humanidade, dos quais Auschwitz se tornou um emblema, não podem cair no esquecimento. Chama-se atenção, contudo, para a tendência à estetização dos usos políticos da memória. É necessário observar as formas narrativas pelas quais as memórias são contadas, em lugares que se configuram como lugares de memória.
In this article the preservation of memory in ancient leper colonies, institutions created in the 1930s and 1940s to isolate people affected by Hansen ́s disease, is discussed. With leprosy prophylaxis policy, the exercise of disciplinary Power, perpassed by persecution and by social isolation, generated a kind of shared traumatic experience. Human suffering, of people Who have had their rights violated by state policies, has been the focus of attention in the Cultural Patrimony Field, because uncomfortable memories of events that have marked humanity, of which Auschwitz became na emblem, can not become forgotten. Attention is drawn, however, to the trend to aestheticization of the political uses of memory. It is necessary to observe the narratives through which memories are told, in places which are configurated as places of memory.