A literatura realista maravilhosa não se pode restringir à América Hispânica, senão que
se tratar de um processo de construção narrativa. Verificando proximidades entre as
histórias da América Espanhola, é fácil sugerir que autores africanos apropriem-se de
estratégias narrativas realista-maravilhosas. Essa opção pode ser vista como vertente de
literatura contra-hegemônica, contra-metropolitana, mesmo veiculada na lÃngua do
colonizador, pois lÃngua de unidade nacional e expressão internacional. Corresponderia
à expressão dos mirabilia autóctones, da América Hispânica ou da Ãfrica Lusófona,
amalgamando os sistemas literários real-naturalista e maravilhoso. É o que faz Mia
Couto, especialmente, em sua narrativas de curta ou média extensão, a serviço da
fabricação das identidades moçambicanas.