As câmeras de segurança têm sido vistas no Brasil como verdadeiras panaceias
para os problemas de segurança urbana. Acredita-se que elas seriam capazes de afastar
os medos ao transformarem o espaço em algo racional e previsÃvel. Porém, a
racionalidade em excesso pode se transformar em irracionalidade, fazendo com
que a busca por segurança resulte em um cotidiano excessivamente controlado e,
no limite, opressivo. Além disso, o método dialético sugere que toda racionalidade
vem acompanhada de sua contrarracionalidade: as câmeras podem ter usos efetivos
diferentes dos inicialmente propostos. Com exemplos principalmente da cidade de
Campinas, e com destaque ao uso de câmeras em escolas, este artigo propõe uma
reflexão sobre algumas das consequências da racionalização do espaço feita através
da vigilância eletrônica.
Video surveillance has been considered in Brazil as a form of panacea capable of
solving a large diversity of security issues. It is believed to fight some fears by transforming
the urban space into something more rational and predictable. However,
when applied to CCTV surveillance, the excess of rationalization can lead to the restraint
of individual liberties and the creation of oppressive and totalitarian spaces.
Moreover, the dialectical approach suggests that rationalization can also result in
the emergence of counter-rationalities: for instance, CCTV cameras can be used
in a variety of ways, possibly in spite of their original purpose. Using data gathered
mainly from schools in the Brazilian city of Campinas, this paper aims to discuss
some of the consequences of electronic surveillance in everyday life.