Este trabalho faz um levantamento do preenchimento pronominal do sujeito de terceira pessoa no português brasileiro em narrativas orais e escritas de estudantes do ensino fundamental e médio. Também são comparadas as produções de falantes nativos à quelas de falantes não-nativos (alemães que têm o português como segunda lÃngua). Para a realização deste trabalho 14 alunos (7 nativos e 7 não-nativos) assistiram a um vÃdeo e narraram a estória do filme oralmente e por escrito. A observação do material mostra que o preenchimento pronominal é a opção mais utilizada nos quatro grupos: não-nativos escrito (100%) > não-nativos oral (83%) > nativos oral (81%) > nativos escrito (59%). Quanto aos falantes não-nativos, o levantamento dos dados foi ao encontro do que se supunha antes da elaboração do trabalho, ou seja, de que o preenchimento pronominal é a opção mais utilizada e, sobretudo, na lÃngua escrita. A obrigatoriedade do preenchimento do sujeito no alemão, lÃngua materna dos informantes, parece estar influenciando sua utilização do português como lÃngua estrangeira. Em relação aos falantes nativos os altos Ãndices de preenchimento na oralidade, bem como os valores significativos verificados na escrita, parecem confirmar a hipótese levantada por Duarte (1993, 2000) de que o português do Brasil estaria alterando o seu sistema linguÃstico de uma marcação positiva para uma marcação negativa do parâmtero pro-drop. Por fim, foi elaborada uma nova possibilidade de análise, considerando-se que na terceira pessoa, diferentemente da primeira e da segunda, o sujeito nulo não corresponde diretamente ao pronome nulo. Se assim se considerar, estará se ignorando a existência da possibilidade de preenchimento nominal. A reanálise do corpus, considerando portanto o sujeito nulo como a possibilidade de apagamento tanto do pronome como de uma referência nominal, sugere que as verdadeiras porcentagens de sujeitos preenchidos na terceira pessoa são mais semelhantes do que se imaginava à quelas verificadas para a primeira e segunda pessoas. Isso pode ser interpretado como um indÃcio de que a mudança do português do Brasil para uma lÃngua de preenchimento obrigatório do sujeito se encontra em um estágio mais avançado do que se supunha.
This paper investigates the pronominal filling of third paper subjects in Brazilian Portuguese in oral and written narratives produced by primary and secondary scholl students. It also compares the production of native speakers to that of non-native ones (Germans with Portuguese as their second language). For this study, 14 informants (7 native and 7 non-native speakers of Portuguese) were shown a video tape and were asked to tell orally and to write down the story of the film. The analysis of the data shows the pronominal filling is the variant most frequently chosen for sentence subjects by all informants: non native writing (100%) > non-native oral telling (83%) > native oral telling (81%) > native writing (59%). The results of non-native speakers in the analysis of the data match the initial hypothesis that pronominal filling is the most frequently used variant, especially in written discourse. The obrigatoriness of filled subjects in German, the native language of the informants, seems to influence the use of overt subjects in Portuguese as foreign language. In the native speaker data, the high rates of overt subjects in oral discourse as well as the significant rates in written discourse seem to confirm the hypothesis formulated by Duarte (1993, 2000) that Brazilian Portuguese is altering its linguistic system from positive to negative marking of the pro-drop parameter. Finaly, a new analysis is elaborated in view of the fact that empty third persons subjects, differently from first and second person ones, do not necessarily correspond to omitted pronouns. Whereas first and second person NPscan only be filled by pronouns, third person NPs can also bi filled by nouns. The reanalysis of the corpus, contrasting empty subjects with both pronominal and nominal overt subjects, suggests that the actual percentages of overt subjects in the third person are more similar to those in the first and second persons tha has been supposed by other authors. This may indicate that the change of Brazilian Portugese in the direction of a language with an obligatory overt subject has already reached a more advanced stage than is commonly acknowledged.