Estudo retrospectivo pré e pós gastrostomia em pacientes pediátricos com fibrose cística: estudo multicêntrico brasileiro

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Estudo retrospectivo pré e pós gastrostomia em pacientes pediátricos com fibrose cística: estudo multicêntrico brasileiro

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Cintia Steinhaus1, Sérgio Luis Amantéa2, Matias Epifânio3, Cristina Helena Targa Ferreira4, Gilberto Bueno Fischer5, Leonardo Pinto6, Paulo José Cauduro Maróstica7, Janaína Frescura Paim Bardini8, Jocemara Gurmini9, Bruna Mansur Lago10, Maria de Fátima Servidoni11, Lenycia de Cassia Lopes Neri12, Jaqueline Rosa Naves da Cruz13, Luciana de Freitas Velloso Monte14
Autor Correspondente: Cintia Steinhaus | [email protected]

Palavras-chave: fibrose cística, desnutrição, gastrostomia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: Nos pacientes com fibrose cística (FC) existe uma relação direta entre o estado nutricional e função pulmonar, sendo frequente a necessidade de terapia nutricional enteral para manter a eutrofia. A gastrostomia (GT) permite aportes calóricos maiores e contínuos e é uma opção quando a via oral não é suficiente.

OBJETIVO: Avaliar a eficácia do uso da GT na melhora do estado nutricional e função pulmonar em pacientes pediátricos com FC.

METODOLOGIA: Estudo retrospectivo multicêntrico de pacientes pediátricos com FC que realizaram gastrostomia entre 2007 e 2021 em 7 centros de referência no atendimento a FC do Brasil. Através de revisão de prontuário foram levantadas as variáveis: sexo, idade, antecedentes de íleo meconial, idade do diagnóstico, presença de diabetes mellitus e doença hepática, uso de enzimas pancreáticas, mutação genética, colonização bacteriana, dias em uso de antibióticos e de hospitalização pré-pós GT, tempo médio entre a indicação e a colocação da GT. Os dados antropométricos: Z escore de peso, estatura, IMC e função pulmonar (VEF1), foram avaliados em 5 momentos: pré GT (12 e 6 meses antes), no momento da colocação e após procedimento (6 e 12 meses).

RESULTADOS: 42 pacientes foram incluídos no estudo. Mutações da classe 2 em ambos os alelos foram encontradas em 65% dos pacientes, 31% tinham a mutação deltaF508 em homozigose. e 85% em heterozigose .A idade mediana na colocação da GT foi de 10,1 anos (dp=68). No momento da GT, 50% dos pacientes encontravam-se com escore de IMC abaixo de -2 desvios-padrão (dp) para idade. O tempo médio de internação 12 meses pré GT e 12 meses pós GT apresentou uma diminuição significativa de 48 ± 7d com um intervalo de confiança de 95% de 35.96 a 64.91 para 30 ± 4d com um IC de 95% de 23.76 a 39.61 (p<0,05). O tempo médio de uso de antibióticos 12 meses antes da GT, foi de 65 ±9d em 19 pacientes com IC de 95% de 48.59 a 88.07) e de 46 ± 6d, (IC de 95% de 36.28 a 59.44),em 18 pacientes 12 meses pós GT. O Z escore do IMC diminuiu significativamente 6 meses antes da GT de -2,04 ± 1,6 para -2,2 ± 1,4 (p< 0,05), no entanto, após 6 e 12 meses da GT, houve um aumento neste parâmetro, -1,5 ± 1,4 e -1,5 ±1,6 (p<0,05) respectivamente. O VEF1 apresentou uma queda abrupta de 12 meses até 6 meses antes da GT de 63 ± 18% para 48 ±19% ( P< 0,05). A partir do momento da colocação da GT houve uma estabilização no VEF1, com 6,12 e 24 meses após (50 ±18% , 47±19% , 40 ±23% 43 ± 27%).

CONCLUSÃO: A colocação de GT diminui-o tempo de internação hospitalar nos 12 meses posteriores ao procedimento, assim como houve uma melhora significativa no escore z do IMC. Observamos um declínio marcado da função pulmonar prévio a colocação da GT com uma estabilização nos 6 e 12 meses após.