Este trabalho analisa algumas das principais críticas epistemológicas que os ditos estudos “pós-coloniais” endereçam às ciências sociais (ou à ciência, em geral), e as alternativas que propõem. Mais especificamente, centra-se nas formulações desenvolvidas no âmbito do grupo “Modernidade/Colonialidade”, a partir do trabalho de Walter Mignolo, e naquele que tem sido um dos seus principais interlocutores em língua portuguesa: Boaventura de Sousa Santos. Primeiramente, aponta como o colonial fornece o fundamento para a construção das modernas concepções de conhecimento, negando ao universo das crenças e dos comportamentos dos países colonizados a própria condição de conhecimento. Por fim, reconhecendo a extrema relevância, para as ciências humanas e sociais, dos “paradigmas outros” e da “ecologia dos saberes”, delineia algumas limitações nessas perspectivas, sobretudo no que diz respeito ao estatuto epistemológico da ciência depois de reconhecidas suas raízes e sobrevivências coloniais.
This paper examines some of the main epistemological criticism that “postcolonial” studies address the social sciences, and the alternatives they propose. It focuses on the formulations developed within the group “Modernity / Coloniality”, mainly from the work of Walter Mignolo, and it focuses also on the work of Boaventura de Sousa Santos, one of its main interlocutors in Portuguese. First, it points out how the colonial process provides the foundation for the construction of modern conceptions of knowledge, denying the universe of beliefs and behaviors of the colonized countries the very condition of knowledge. Finally, it recognizes the utmost importance of the “paradigms other” and “ecology of knowledge” to the human and social sciences, but outlines some limitations on these prospects, especially with regard to the epistemological status of science after it has been recognized its roots and colonial survivals.