O objetivo deste artigo é a análise das categorias fundantes das diversas práticas éticas de evangélicos no Brasil (por evangélicos entendo aqui as diversas igrejas e organizações que vinculam sua origem ao movimento missionário norteatlântico dos séculos XIX e XX). A hipótese fundamental é a de que a ética de evangélicos no Brasil é muito mais caracterizada pela “brasilidade†do que pela tradição bÃblica a que evangélicos aludem quando perguntados sobre por que fazem o que fazem. Tento traçar uma breve história da atitude ética, que começa como valorização quase que exclusiva da ética pessoal focada na diferenciação entre evangélicos e outros cristãos, passando por uma valorização, algo utilitarista, da dimensão polÃtica da ética, chegando a uma situação relativamente plural, mas centrada ainda nos chamados valores pessoais e individuais, sem conseguir transcender os elementos de “brasilidade†presentes desde a chegada dos primeiros missionários protestantes. A partir dessa revisão, passo a propor um caminho teologicamente mais viável para a atitude e prática ética de evangélicos. Baseada em uma cristologia de corte latino-americano, sustento que os eixos de uma ética evangélica são a liberdade e o amor – a liberdade de todas as forças que escravizam o ser humano, históricas ou transcendentais – para a vivência efetiva e a prática consequente do amor a Deus acima de tudo o mais, concretizado no amor ao próximo (a pessoa e os grupos sociais necessitados, injustiçados) como expressão coerente do amor a si mesmo. Um tipo de ética que transcenda a ética do dever e a ética do conformismo com o mundo.