A partir do final da década de 2000, houve um fluxo de investimento expressivo de estatais chinesas do setor energético para o Brasil, em particular para os segmentos de petróleo e elétrico. Esses fluxos corresponderam a movimentos mais amplos, que transformaram a China de importador líquido em exportador líquido de capital. Este artigo analisa a dinâmica dessa presença no Brasil no contexto da busca por uma nova inserção internacional por parte do governo chinês e da atuação internacional das empresas envolvidas. Os investimentos no setor de petróleo refletem principalmente uma dinâmica anterior de resource-seeking que continua atual devido à alta dependência da matriz energética de fontes fósseis no geral e de importação de petróleo em específico. De outro lado, os investimentos das estatais do setor elétrico correspondem a uma estratégia de exportação de capitais e à conquista de mercados mais recentes, baseadas na liderança tecnológica.