A microrregião de Ceres está situada na mesorregião central de Goiás, em uma área que era conhecida como Mato Grosso de Goiás. A descrição dessa região como “Mato Grosso” decorre da formação florestal em áreas de Cerrado, que compunha, com outras fitofisionomias, o mosaico de vegetação do bioma em Goiás. Essa área foi, por muitos anos, preservada em função das características econômicas da ocupação do território goiano, que no século XVIII experimentou uma expansão da fronteira da mineração, e, no século XIX, da fronteira pecuária. Nessas duas formas de ocupação de fronteira, a área florestal do Mato Grosso de Goiás não apresentava interesse aos exploradores do território, em parte por não favorecer essas atividades econômicas. A partir das primeiras décadas do século XX, essa região inicia-se um processo de ocupação, em decorrência da ampliação da ferrovia e de redes rodoviárias que valorizaram áreas próximas ao Mato Grosso de Goiás. Em 1935, a ferrovia chegava a Anápolis e iniciava a construção de Goiânia nessa região florestal. Na década de 1940, na política da Marcha para o Oeste, o governo federal instalava uma Colônia Agrícola Nacional na região das Matas de São Patrício, parte norte do Mato Grosso de Goiás. Inicia-se o processo de ocupação e devastação dessa área florestada. Nesse sentido, nosso objetivo neste artigo é apresentar parte desse processo de devastação das áreas florestadas, com destaque para o uso do solo na parte do final do século XX e no início do século XXI, por meio da expansão da atividade sucroalcooleira. A pesquisa documental pretende apresentar os indícios da devastação florestal, fundamentados nos pressupostos teórico-metodológicos da História Ambiental.
The micro-region of Ceres is located in the centralmesoregion of Goiás, in an area previously known as Mato Grosso de Goiás. The description of this region as “Mato Grosso” (‘thick brushwood’) is due to the forest formation in areas of Cerrado, which, along with other phytophysiognomies, accounted for themosaic of the biome’s vegetation in Goiás. For many years, this area was preserved due to the economic characteristics of the occupation of the territory of Goiás, which experienced an expansion of the mining frontier in the 18th century, and of the livestock frontier in the 19th century. In these two forms of occupation of the frontier, the forest area of Mato Grosso de Goiás was not interesting to the explorers of the territory, partly because it did not favor these economic activities. Starting in the first decades of the 20th century, this region started to undergo a process of occupation, due to an expansion of the railway and of the road network, which appreciated the areas near the Mato Grosso de Goiás. In 1935, the railway reached the city of Anápolis, while the new capital Goiânia started being built in this forest region. In the 1940s, within the policy of the March to the West, the federal government created a National Agricultural Colony (‘Colônia Agrícola Nacional’) in the region of Matas de SãoPatrício, in the north of Mato Grosso de Goiás. It was the beginning of the process of occupation and devastation of this forested area. In this sense, our goal in this article is to present a part of this process of devastation of forested areas, with a focus on the land use in the late 20th and early 21st century, through the expansion of the activities of the sugar cane industries. The research of documents intends to present the indications of forest devastation, based on the theoretical-methodologicalassumptions of Environmental History.