Expectativas da família, crianças e professores a respeito do primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos

Ano: 2013 | Volume: 38 | Número: 1

Autores: V. S. Ferreira

Palavras-chave: família, ensino de nove anos, alfabetização.

Resumo Português:

Os projetos político-pedagógicos escolares, para o Ensino Fundamental de nove anos, deveriam considerar as condições socioculturais e educacionais das crianças da comunidade, norteando-se para a melhoria da qualidade da formação escolar. Segundo as orientações do MEC (BRASIL, 2004), não se deve restringir o desenvolvimento das crianças de seis anos exclusivamente à alfabetização. Sabemos que o envolvimento da família com a vida escolar de suas crianças, mantendo contato constante com os professores e satisfeitos com o trabalho educativo, traz efeitos significativos na aprendizagem dos alunos (SCHEERENS; BOSKER, 1977; SCHEERENS, 2000). A atual política do MEC demonstra interesse em mobilizar o envolvimento família e escola como estratégia para a construção de uma educação de qualidade. Este artigo discute os resultados de uma pesquisa que investigou as expectativas dos atores envolvidos (pais ou responsáveis, crianças e professores) em relação à antecipação da idade de ingresso do Ensino Fundamental e as diferenças e as semelhanças das expectativas desses atores. Foram entrevistados pais e crianças em suas casas, a fim de observar o ambiente de letramento, e as professoras de primeiro ano. O que observamos em grande parte das casas é que o ambiente letrado não vai além daqueles que fazem parte do dia a dia de todas as casas. As famílias esperam que a escola promova um futuro melhor e digno para seus filhos, contrariando o “mito da omissão parental” (LAIHRE, 2004, p. 334). Eles tentam auxiliar nas tarefas escolares dos filhos e demonstram dificuldades com suas tarefas acadêmicas – inclusive duas mães declararam-se analfabetas.

Resumo Inglês:

The Pedagogical Master Plan, for the nine-year Elementary School, should consider the socio-cultural and educational conditions of the children in the community as a guide to improve the quality of education. According to MEC guidelines (BRAZIL, 2004), one should not restrict the development of the six year old children exclusively to learning how to read. We know that family involvement with the school life of their children, maintaining constant contact with teachers and satisfied with the educational work, brings significant effects on student’s learning (SCHEERENS; BOSKER, 1977; SCHEERENS , 2000). The current policy of MEC shows interest in mobilizing the involvement of the family and the school as a strategy for building an education of quality. This article discusses the results of a research that investigated the expectations of the involved actors (parents or guardians, children and teachers) regarding the anticipation of the enrollment age into Elementary School and the differences and similarities of these actors expectations. Parents and children were interviewed in their homes, in order to observe the literacy environment, and the first year teachers. What we observed in most homes is that the literate environment does not go beyond those that are part of everyday life of all households. The families hope that the school promotes a better and decent future for their children, countering the “myth of parental omission” (LAIHRE, 2004, p. 334). They try to assist their children with their homework and they demonstrate difficulties with their academic tasks, including two mothers who said they were illiterate.