O presente artigo tem como ponto de partida considerações sobre a poesia
ocidental moderna como uma arte marcada pela intensidade da expe-
riência singular e pelo ágon contra os limites da linguagem que impõem
obstáculos à transmissibilidade dessa experiência. Por meio da aproxima-
ção com o discurso místico, sendo o místico o personagem prototípico do
contato com o inefável, e com o pensamento de Kierkegaard e Nietzsche
sobre o conceito da vida autêntica, pretende-se demonstrar como as di-
ficuldades, as obscuridades e as complexidades dessa poesia, muitas vezes
lacônica, fragmentada, enigmática, se alinham, mesmo que não declarada-
mente, a um discurso que promove a autenticidade por meio da experiência
linguística.