Este pequeno artigo pretende abordar como a proposição de certas categorias da filosofia contemporânea da religião enquanto conceitos-chave podem contribuir para a construção de uma ponte entre o pensamento Ocidental e Oriental, os quais são normalmente contrapostos a partir de características atribuídas a cada um deles, e que representariam contradições. Ao mesmo tempo em que a oposição é reforçada por teólogos e filósofos, é plenamente aceito que, entre os pensadores mais místicos estas diferenças importam muito pouco, como se pode ver, pelo interesse despertado pela obra de Eckhart entre os filósofos vinculados ao Zen Budismo na Escola de Kyoto. Embora algumas das características ditas Orientais sejam compartilhadas por escolas filosóficas de orientação Neoplatônica, conforme Nishida, nada mais distante do caminho do zen budismo do que a transcendência absoluta plotiniana. Nesse contexto, propomos que os aspectos mais práticos e diretos e menos propriamente doutrinários são aqueles que podem proporcionar um diálogo real. Tais aspectos passam a figurar como fundamentais em algumas propostas filosóficas contemporâneas que erigem suas doutrinas a partir de conceitos baseados na experiência direta. Dentre estes, elegemos para este estudo a “experiência pura” tal como apresentada por William James e a “Intuição” tal como proposta por Henri Bergson.
This short article intends to approach how the proposition of certain categories of contemporary philosophy of religion as key concepts can contribute to the construction of a bridge between Western and Eastern thought, which are usually opposed based on characteristics attributed to each of them, and that would represent contradictions. While the opposition is reinforced by theologians and philosophers, it is fully accepted that, among the most mystical thinkers, these differences matter very little, as can be seen, by the interest aroused in Eckhart's work among philosophers linked to Zen Buddhism in Kyoto School. Although some of the so-called Eastern characteristics are shared by philosophical schools of Neoplatonic orientation, according to Nishida, nothing is further from the path of Zen Buddhism than the absolute Plotinian transcendence. In this context, we propose that the most practical and direct and less properly doctrinal aspects are those that can provide a real dialogue. Such aspects come to appear as fundamental in some contemporary philosophical proposals that build their doctrines from concepts based on direct experience. Among these, we chose for this study the “pure experience” as presented by William James and the “Intuition” as proposed by Henri Bergson.