As elevadas expectativas de consumo recebem crÃticas por estimularem o consumo desenfreado e por, potencialmente, atingirem crianças de famÃlias sem poder aquisitivo. Neste trabalho, de caráter qualitativo, investigamos experiências de consumo de crianças originárias de contextos socioeconômicos distintos. Selecionamos duas turmas da segunda série inicial de uma escola pública e outra privada, que julgamos representar, respectivamente, contextos de renda mais baixa e mais alta. Sugerimos à s crianças que desenhassem uma experiência de consumo “legal†e outra “ruimâ€, e depois pedimos que falassem sobre os desenhos. Mediante a análise do material coletado, constatamos que: as crianças da escola privada desenharam sobre a satisfação de comprar produtos e serviços de diferentes ramos de atividade, bem como a insatisfação de permanecerem em filas e terem pedidos de compra negados pelos pais; já as crianças de escola pública retrataram, basicamente, experiências positivas de compras em lojas de gêneros alimentÃcios, situações ruins estavam ligadas a pedidos de compra negados pelos pais e a insatisfação de terem que comprar cigarros e bebida alcoólica para estes, além de situações em que se depararam com alguma forma de violência. Entendemos que os desenhos revelam diferenças em relação à influência dos mecanismos e espaços de mercado disponÃveis que estimulam o consumo.