O Exu, marginalizado ou idolatrado, gera temor e fascínio ao ser personificado tanto em terreiros de prática religiosa afro-brasileira quanto nos “terreiros” psíquicos de indivíduos não praticantes. Embora personifique o Diabo ou uma miríade de demônios para o senso comum, no entendimento da psicologia analítica, o Exu pode ser interpretado como uma manifestação imagética do arquétipo do Trickster. Quando um conteúdo inconsciente é substituído por uma imagem projetada que gera terror como o Exu, deixa de exercer sua função de formação da consciência, revelando uma tendência à regressão a conteúdos mais arcaicos e gera uma projeção religiosa que leva seu emissor à ilusão de que o mal vem do exterior. A conscientização da projeção sombria permite a transcendência, a aceitação de potências arquetípicas interiores desconhecidas e sua regulação, revelando um potencial oculto construtivo e não mais sombrio e amedrontador.
Exu, a marginalized or idolized entity, begets fear and fascination when it is impersonated both in Afro-Brazilian religious temples and in the psychic “terreiros” (Afro Brazilian religion temples) of non-practitioners. Although Exu commonly represents the Devil and a myriad of demons, understanding of analytical psychology, the Exu can be interpreted as an imagery manifestation of the Trickster archetype. When an unconscious content is replaced by a projected image begetting fear as the one produced by Exu, the former stops performing its function in the consciousness formation, revealing, instead, a tendency to regress to more archaic contents and generating a religious projection leading its issuer to the illusion that evil comes from the outside world. The awareness of this gloomy projection enables transcendence, the acceptance of unknown inner archetypal powers together with its regulation process showing a constructive hidden potential which is no longer gloomy and scary.