Neste ensaio demonstramos que planejar significa, também, transformar formas de pensar e de agir em sociedade, neste caso, tendo por objetivo refletir sobre a importância da disciplina teoria da literatura nas Letras. Para tanto, fazemos uso de algumas categorias emprestadas à obra de Freud – mal estar –, à de Walter Benjamin – história, experiência e empobrecimento - e também à de Giorgio Agamben e sua visada benjaminiana do que seja o contemporâneo. A seu tempo, argumentamos em favor de uma certa posição analítica, baseada nas proposições de Wolfgang Kayser, sem, no entanto, optar por uma postura de incontestabilidade para com aquilo que está fora do eixo exclusivamente literário, tendo em vista que outros saberes podem e devem contribuir para a formação analítico-crítica de nós mesmos e dos leitores que pretendemos formar. Escolhemos, a título de exemplo de nossa hipótese, realizar um exercício de análise literária, trazendo à baila um poema de Mia Couto. Nessa análise, de base retórico-estruturalista, contribuem sobremaneira as miradas de Jean Cohen e de Heinrich Lausberg.
In this essay, we demonstrate that ‗planning‘ also means ‗transforming ways of thinking and acting in society‘, in this case aiming to consider the importance of literary theory for studies of Languages and Literature. Therefore, we will use some categories arising from Freud – the bad feeling –, Walter Benjamin – history, experience and impoverishment – and also from Giorgio Agamben (and his benjaminian view of what is contemporary). Furthermore, we defend an analytical view, based on the propositions of Wolfgang Kayser, without opting to an attitude of ‗unquestionability‘ with what is away from the literary axis – since it is possible to state that other sciences can (and must) help us to develop our analytical-critical characteristics. We have also opted, in order to exemplify our hipotesis, to elaborate an exercise of literary analysis, presenting a poem written by Mia Couto. In this analysis, based on rhetorical concepts and on structuralism, the observations of Jean Cohen and Heinrich Lausberg are extremely contributory.