Este artigo visa contextualizar e analisar as manifestações pró-impeachment de 2015 no Brasil. Indica-se que tais manifestações e o caráter altamente reacionário delas são resultantes de um movimento político-ideológico de cooptação das classes médias empreendido pela oposição à direita do governo da presidenta Dilma Rousseff desde 2013. Parte-se da perspectiva de que uma parcela significativa dos manifestantes das Jornadas de Junho de 2013, por seu caráter despolitizado e apartidário, foi decisiva para compor as grandes manifestações de 2015 engrossando, todavia, um coro reacionário com nítida inspiração fascista. Neste artigo busca-se estabelecer a conexão entre as ondas de protestos vivenciadas no país de 2013 a 2015 indicando seus pontos de dissonância, mas centrando a análise naquilo que as une de alguma forma: seu caráter apartidário, espaço aberto deixado pela esquerda e habilmente manipulado pela extrema- -direita. Busca-se, por fim, compreender como a revolta fascista é um recurso utilizado pelos setores da extrema-direita em tempos de crise econômica e hegemônica como fonte mobilizadora das massas.