As intervenções em contextos interculturais requerem uma série de habilidades relacionadas à compreensão da situação pessoal e do curso de vida do cliente, e a capacidade de definir um plano de intervenção adaptado à situação desse. No entanto, a literatura sobre este assunto deixa claro que este tipo de intervenção requer um sistema operacional complexo que seja flexível o suficiente para permitir que as partes interessadas ajustem seu plano de intervenção e forneçam o tempo e os recursos necessários. Se por um lado, a intervenção em um contexto intercultural exije muita escuta e empatia, por outro, alguns contextos organizacionais podem favorecer o surgimento de sentimentos hostis à diversidade cultural, quando, por exemplo, ela está associada à demandas mais complexas, resultando em um aumento na carga de trabalho. Com base em um estudo qualitativo realizado na área metropolitana de Montreal, no Québec (Canadá), este artigo tem como objetivo destacar as questões sistêmicas envolvidas na compreensão do processo de reabilitação e de retorno ao trabalho de canadenses oriundos de imigração, que recebem indenização por terem sofrido lesão de trabalho. Este estudo reuniu quarenta indivíduos: trabalhadores (n=9), empregadores (n=2) e profissionais da saude e serviço social que atuam na reinserção ao trabalho desses trabalhadores (n=29). O artigo questiona o impacto de certas práticas de gestão, na capacidade dos profissionais, do campo da saúde e serviços sociais, para recorrer à todos os meios necessários para apoiar a reabilitação física e profissional desses trabalhadores. Este artigo propõe uma hipótese para entender melhor o fenômeno da gênese e do reforço dos preconceitos etnoculturais no setor de saúde, o que poderia explicar o surgimento de uma fadiga de compaixão ou uma fadiga de diversidade entre as partes interessadas e a possível conexão lógica entre esses dois tipos de fadiga. Os autores deste artigo argumentam que esse elo lógico, o ovo ou a galinha, só pode ser entendido à partir de uma compreensão mais ampla e sistêmica do contexto de intervenção e das práticas gerenciais que regem a prática profissional e o desenvolvimento de habilidades.
Intervention in intercultural contexts requires a number of skills related to understanding the client's personal situation and life course, and the ability to define an intervention plan adapted to this situation. While intervention in intercultural contexts requires much listening and empathy, some organizational contexts can, on the contrary, induce hostile feelings towards cultural diversity. Based on a qualitative study conducted in Quebec (Canada) in the Greater Montreal area, this article aims to highlight the systemic issues involved in understanding the rehabilitation and return-to-work issues associated with Canadian immigrant workers in the Greater Montreal area who receive compensation following an employment injury. The study involved 40 individuals: work-injured immigrant workers (n=9), employers (n=2), and various rehabilitation professionals (n=29). It proposes a hypothesis for better understanding the phenomenon of the genesis and reinforcement of ethnocultural prejudices in the health care sector, a hypothesis that could explain the emergence of compassion fatigue or diversity fatigue among rehabilitation professionals, and the possible causal link between these two types of fatigue. The authors of the article argue that this causal link (the chicken or the egg dilemma) can only be understood through a broader and systemic understanding of the intervention context and the managerial practices that govern professional practice and skill development.
L’intervention en contextes interculturels requiert un certain nombre de compétences relatives à la compréhension de la situation personnelle du client et de son parcours de vie, et sur la capacité à définir un plan d’intervention adapté à cette situation. Si l’intervention en contexte interculturel demande au préalable beaucoup d’écoute et d’empathie, certains contextes organisationnels peuvent en revanche favoriser l’apparition de sentiments hostiles à la diversité culturelle. En se basant sur une étude qualitative réalisée au Québec (Canada) dans la grande région de Montréal, cet article vise à faire ressortir les enjeux systémiques qui sont impliqués dans la compréhension des parcours de réadaptation et de retour au travail de travailleurs canadiens issus de l’immigration et qui reçoivent des indemnités après avoir subi une lésion professionnelle. Cette étude a recueilli le témoignage de quarante personnes : travailleurs immigrants (n=9), employeurs (n=2), intervenants en réadaptation (n=29). Cet article propose une hypothèse pour mieux comprendre le phénomène de la genèse et du renforcement des préjugés ethnoculturels dans le milieu de la santé et qui pourrait expliquer le possible lien logique qui marque l’apparition d’une fatigue de compassion ou d’une fatigue de diversité chez les intervenants. Les auteurs de cet article soutiennent que ce lien logique, tel le paradoxe de l’œuf et de la poule, ne peut se comprendre qu’à l’orée d’une compréhension élargie et systémique du contexte d’intervention et des pratiques managériales qui régissent le cadre de la pratique professionnelle et du développement des compétences.