O artigo destaca alguns dos momentos históricos nos quais os regimes de representação da favela são tensionados e seu significado produzido, desafiado ou modulado por intervenções de diferentes atores sociais em disputa ou harmonia instável. O objetivo é oferecer um panorama da trama discursiva que sustenta este significado a partir de uma leitura histórica que não se limite a retraçar as usuais linhas de tempo, as quais geralmente dão conta de decisões oficiais, planos de governo e do pensamento de elites apresentadas como bloco homogêneo. Com isso, busca-se evidenciar que as figurações de favela, longe de unívocas, são resultantes de significações mobilizadas por uma gama ampla de personagens. Um destes é o artista Hélio Oiticica, que tem vida e obra marcadas pelo encontro com o Morro da Mangueira, nos anos 1960.