Este artigo argumenta que, para compreender o quadro dentro do qual a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro se dá em 2018, é necessário observar a convergência de dois processos: um é a institucionalização do emprego das Forças Armadas em operações de garantia da lei e da ordem dentro do cenário do estado; o outro é a transformação que atravessa a política de policiamento comunitário desde os anos 1980 até a política de pacificação, de uma agenda de reforma policial para um instrumento de legitimação da ação policial dentro da favela. Os dois processos são marcados por uma narrativa sobre o problema da segurança pública ligada a um inimigo interno materializado na figura do crime organizado ligado ao tráfico de drogas internacional.
This article argues that, in order to understand the framework within which the federal intervention in the State of Rio de Janeiro is deployed, the convergence of two processes needs to be considered: one is the institutionalization of the Armed Forces in Guaranteeing of Law and Order operations (GLOs) within the State of Rio; the other is the transformation underwent by the Community Policing policies from the 1980s up to the creation of the Pacification Police Units (UPPs); from an agenda of police reform to an instrument of legitimization of police action inside the ‘favela’ communities. Both processes are characterized by a narrative about the problem of public security shaped by the idea of an ‘internal enemy’ associated with drug trafficking and transnational criminal networks.