De acordo com uma tradição, que chamaremos de
intelectualista, confere-se à reflexão um lugar proeminente na
caracterização do agir racional (no sentido de agir por uma razão).
Para essa tradição, existe uma distinção qualitativa a ser feita entre
ações que são o resultado de processos reflexivos e ações que são
simplesmente motivadas por pró-atitudes do tipo de desejos. Uma
dificuldade recorrente com tal distinção qualitativa diz respeito à s
ações de respostas automáticas e imediatas que realizamos
frequentemente na vida cotidiana. Como podem estas ser
acomodadas no modelo intelectualista? A partir de uma discussão
deste tipo de ações e de uma resposta intelectualista possÃvel ao
problema, nosso objetivo aqui é enfatizar uma dificuldade adicional
associada àquela distinção qualitativa: uma dificuldade relacionada
aos nossos sentimentos naturais de responsabilidade por nossas
ações. Como resultado, sugeriremos que apenas uma caracterização
do agir racional que sustente uma relação direta, “internaâ€, entre
desejos e ações seria capaz de conferir sentido a tais sentimentos.