A violência contra o idoso é considerada violação dos direitos humanos, e o Brasil tem se empenhado em garantir os direitos dos mais velhos. Com o interesse de discutir os dilemas envolvidos nas iniciativas adotadas no país, o artigo analisa como as agressões contra homens e mulheres mais velhos são tratadas pela polícia, revelando a desconexão entre a imagem que os policiais têm da velhice e o idoso que de fato recorre à polícia. O argumento central é que essa desconexão leva à invisibilidade da violência perpetrada, à feminização da velhice e à consideração de que os crimes são fruto de um déficit da moral familiar. A dinâmica do funcionamento das delegacias as transforma em instâncias voltadas à judicialização das relações na família, e o idoso, de sujeito de direitos, passa a ser objeto da violência familiar.