A partir dos estudos materialistas da linguagem, questionamos: é possível enunciar na América Latina sem que os sentidos de nossos enunciados estejam construídos na/pela memória da colonização? Capitalismo e colonização, nesse contexto, se encontram no mesmo princípio histórico de modo dialético. Defendemos que a colonialidade emerge enquanto filosofia espontânea do capitalismo, assim como o colonialismo é condição de possibilidade (sobredeterminante) do capitalismo. Criticamos a abordagem da Modernidade em Kant e Foucault, e nos alinhamos ao pensamento decolonial latino-americano, para quem a Modernidade coincide com o início da exploração e colonização da América. Analisamos e deslocamos a importância que Sylvain Auroux atribui ao Renascimento para a gramatização. Demonstramos que a escrita da História das Ideias Linguísticas no Brasil compreende a colonização como ponto de inflexão para o conhecimento sobre a linguagem, o que nos leva a repensar a própria natureza dos instrumentos linguísticos enquanto ferramentas da modernidade colonial-capitalista.
This paper is grounded on materialistic perspective of language to ask: is it possible to enunciate in Latin America without being determined by colonial senses and meanings? Capitalism and colonization share the same beginning in this context. We argue that coloniality emerges as a spontaneous philosophy of capitalism, just as colonialism must be understood as a capitalism's (overdetermining) condition of possibility. We criticize the approach of Modernity in Kant and Foucault, and we stand for Latin American decolonial thought. We agree that Modernity coincides with the beginning of the exploration of America. We displace the importance given by Sylvain Auroux to the Renaissance while “la grammatisation” was taking place. We demonstrate that the way of writing the History of Linguistic Ideas in Brazil understands colonization as a turning point for the history of Latin American linguistic ideas, which leads us to rethink linguistic instruments as tools of colonial-capitalist modernity.
A partir dos estudos materialistas da linguagem, questionamos: é possível enunciar na América Latina sem que os sentidos de nossos enunciados estejam construídos na/pela memória da colonização? Capitalismo e colonização, nesse contexto, se encontram no mesmo princípio histórico de modo dialético. Defendemos que a colonialidade emerge enquanto filosofia espontânea do capitalismo, assim como o colonialismo é condição de possibilidade (sobredeterminante) do capitalismo. Criticamos a abordagem da Modernidade em Kant e Foucault, e nos alinhamos ao pensamento decolonial latino-americano, para quem a Modernidade coincide com o início da exploração e colonização da América. Analisamos e deslocamos a importância que Sylvain Auroux atribui ao Renascimento para a gramatização. Demonstramos que a escrita da História das Ideias Linguísticas no Brasil compreende a colonização como ponto de inflexão para o conhecimento sobre a linguagem, o que nos leva a repensar a própria natureza dos instrumentos linguísticos enquanto ferramentas da modernidade colonial-capitalista.