O autor vem sendo objeto de estudo desde que sua existência foi reconhecida. Ao longo do tempo, seu papel na sociedade e na construção do texto literário receberam diferentes matizes. Na segunda metade do século XX, seu desaparecimento foi anunciado como necessário para que o texto se abrisse a múltiplos sentidos construÃdos pelo leitor. Embora a noção de autor nunca tenha se desvanecido, na literatura contemporânea podemos observar sua presença recorrente no tecido textual na forma de autores-personagens. Dentre as várias formas em que se apresenta, destacamos duas que compartilham a natureza fictÃcia, mas trilham caminhos bastante diferentes nos fios do texto: Eckermann, em Le Coeur de Marguerite (1999), de Vassilis Alexakis, e Émile Ajar, em Pseudo (1976), de Romain Gary. Transformado em elemento da ficção, o autor adquire novos sentidos e suscita novas reflexões sobre o que é um autor.