Nas análises de Michel Foucault sobre o saber ocidental é possível vislumbrar uma descontinuidade do saber, que o impossibilita de ser visto como algo contendo traços definidos. A indefinição desses traços traz indícios de que, para Foucault, o saber não possui um rosto, mas apenas máscaras, que são trocadas à medida que nascem novas configurações que passam a figurar no palco do conhecimento. O presente artigo buscou seguir o percurso dessas análises, visando encontrar a máscara portada pelo saber no período contemporâneo. Para tanto, tentou-se realizar uma articulação entre alguns escritos de Foucault onde arte, literatura e filosofia se intercalam num jogo de experiências e reflexões típico do pensamento contemporâneo: já não há mais espaço para o jogo das similitudes, próprio do conhecimento renascentista; a representação que dominou toda a idade clássica assumiu uma palidez distanciando-se das distinções; e o homem, principal personagem da modernidade, perdeu o poder de fazer girar em sua órbita todas as outras figurações. Doravante, tanto nas experiências das artes quanto na filosofia (em especial a filosofia de Gilles Deleuze), figuram a indefinição das formas, a impossibilidade da apreensão totalizadora, o desaparecimento do sujeito do conhecimento e a imagem fantasmagórica do pensamento.