Figuratividade: o complexo elo entre as palavras e as coisas

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ISSN: 19822014
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Início Publicação: 31/12/1974
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Figuratividade: o complexo elo entre as palavras e as coisas

Ano: 2016 | Volume: 41 | Número: 70
Autores: A. L. F. Sousa, M. A. Costa
Autor Correspondente: A. L. F. Sousa | [email protected]

Palavras-chave: figuratividade, cognição, teoria neural da linguagem

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo trata do conceito de figuratividade no âmbito dos estudos cognitivos da linguagem. Apresenta a polarização, herdada dos gregos antigos, entre o que se convencionou como figurativo e literal, o que resultou no entendimento de que pensamento e linguagem são inerentemente literais. Nessa concepção, o figurativo seria um recurso não natural, propositadamente utilizado como estratégia estilística. Assim, o uso da figuratividade passou a ser associado a prejuízos à suposta transparência da linguagem e dos significados a ela inerentes. Embora essa concepção não tenha sido suplantada, as perspectivas cognitivas contemporâneas que tratam do fenômeno linguístico como sendo intrínseco à cognição oferecem-nos uma outra visão acerca da figuratividade. A Teoria Neural da Linguagem, em particular, tem reforçado, teórica e empiricamente, a compreensão acerca dos mecanismos cognitivos envolvidos na construção de sentidos. De igual relevância, esse arcabouço teórico tem apresentado evidências de que as experiências corpóreas estão na raiz da construção de parte das estruturas mentais evidenciadas no uso da linguagem, de modo que a natureza peculiar de nosso corpo contribui para as peculiaridades de nosso sistema conceptual. A integração entre corpo e mente, de modo que emoções e abstrações devem ser conceptualizadas a partir de elementos mais concretos, de base corpórea, oferece novos contornos à explicação para o fenômeno.



Resumo Inglês:

This article deals with the concept of figurativity within the cognitive studies of language. It presents the polarization, inherited from the ancient Greeks, between what is conventionalized as figurative and as literal, which resulted in the understanding that thought and language are inherently literal. In this conception, figurativity would be an unnatural feature intentionally used as a stylistic strategy. Thus, the use of figurativity became associated with damages to the supposed transparency of language and the meanings inherent to it. Although this view has not been supplanted, contemporary cognitive perspectives that treat the linguistic phenomenon as intrinsic to cognition offer us another view on figurativity. In particular, the Neural Theory of Language has both theoretically and empirically reinforced the understanding of the cognitive mechanisms involved in the construction of meaning. Equally important, this theoretical framework has presented evidence that body experiences are at the basis of the construction of mental structures evidenced in the use of language, so that the peculiar nature of our body contributes to the peculiarities of our conceptual system. The integration between body and mind, so that emotions and abstractions must be conceptualized from more concrete body-based elements, offers new dimensions to the explanation for the linguistic phenomenon of figurativity.