Proponho ao leitor percorrer comigo alguns caminhos nos quais ele encontrará questões que surgem quando começo a pensar a relação entre filosofia e literatura. Sem pretensão de exaustividade, trata-se, antes, de indicar aquilo que, no meu entender, parece funcionar melhor quando se trata da abordagem filosófica de obras literárias. É um hábito comum pensar em literatura e filosofia como categorias sólidas, essenciais, como se tivessem existido desde sempre em um céu das idéias. Há uma longa história por trás deste engano, que, se não é mais o do especialista, ainda tem influência sobre os juÃzos presentes na cultura. Essa noção do senso comum pode ser retraçada na história da filosofia, a partir de um contraste entre duas maneiras de conceber a relação entre filosofia e literatura.