A Organização Mundial da Saúde, como órgão gestor da biopolítica na atualidade, desenvolve um padrão de corpo que, por meio dos discursos da mídia, da medicina, da nutrição e da educação física é levado ao conhecimento dos indivíduos formatado em padronizações de práticas corporais corretas e incorretas. O objetivo deste artigo é, nesse sentido, problematizar a construção social do corpo na contemporaneidade por meio da investigação sociológica em academias de ginástica. A hipótese aqui defendida é a de que a conjugação entre os discursos da mídia, da OMS e das disciplinas da saúde faz parte de um processo mais amplo, em que se delineia uma transição paradigmática do corpo orgânico para o corpo ciborgue nos termos de Haraway (2009). A partir da pesquisa empírica em três academias de ginástica da cidade de São Carlos-SP e de entrevistas livres e de trajetórias de vida com alguns dos seus frequentadores, observamos que a hipótese aqui apresentada se mostra, de fato, em vias de desenvolvimento, uma vez que o discurso da manutenção da saúde e da superação dos limites do corpo orgânico por meio de exercícios, ingestão de fármacos, dietas e utilização de próteses está cada vez mais presente no cotidiano dos sujeitos.