Este trabalho discute a lógica de atração de agricultores do sequeiro, bem como de trabalhadores urbanos empobrecidos e em processos de exclusão, ao polo de fruticultura para exportação em Petrolina, Pernambuco. Descreve brevemente a formação histórica do polo de investimento e desenvolvimento com vocação para agricultura irrigada. Depois de caracterizar os fluxos migratórios, enfatiza casos concretos em dois bairros que acolheram na cidade com políticas de habitação e de capacitação, e discute a sua relação com práticas de trabalho familiar. Examina quatro migrantes que fugiram da seca, da pobreza e exclusão urbana. Mostra o direcionamento dos integrantes das famílias migrantes para a preferência por trabalho rural de uma forma que facilita a sua integração nas estratégias de acumulação dos empresários, negociando apoio dos sindicatos. Discute estratégias de pluriatividade de famílias na economia sazonal e não-sazonal, no cuidado e no trabalho, e sua promoção pelos empregadores. Encerra com considerações sobre aspectos de uma sintonia ambígua entre flexibilidade, liberdade e regras nas lógicas familiares e nas políticas de uso de trabalho promovidas pelos empresários e por outros agentes do setor público, promotores de desenvolvimento.