O conceito de patrimonialismo é central nos modos habituais de se interpretar e analisar o Brasil. Sujeito a uma utilização nem sempre rigorosa, objeto de contestações quanto à sua validade analÃtica, ele precisa ser retomado de modo sistemático para que se possam delinear seus potenciais e suas limitações quanto à compreensão da sociedade brasileira e de sua história. O presente trabalho busca iniciar esse esforço, retomando tanto a conceituação original de Max Weber quanto a análise que Florestan Fernandes realiza do processo de constituição de nossa sociedade nacional. Buscou-se, assim, mostrar que Fernandes, ao apontar para o caráter não monolÃtico do Estado brasileiro, ao qual se associa, muitas vezes, a noção de patrimonialismo, supera limitações presentes nos modos mais habituais de utilização do conceito, abrindo novas possibilidades analÃticas.
The notion of patrimonialism is central to the habitual ways of interpreting and analyzing Brazilian society. Subject to a use not always accurate, as well as
object of disputes concern its analytical validity, this concept needs to be taken in a systematic way so that it can outlines its potential and limitations for the
understanding of Brazilian society and its history. The present study attempts to begin this effort by retaking both the original conceptualization of Max Weber and the analysis that Florestan Fernandes performs of the process of constitution of our national society. We consider that with such an analysis Fernandes overcomes the limitations present in the more usual use of the concept in the social thinking of Brazil, by pointing to the non-monolithic character of the Brazilian state, which often is associated with the notion of patrimonialism.