Considerando a baixa taxa de elucidação de homicÃdios na Região Metropolitana de BrasÃlia e o alto grau de seletividade
do sistema de justiça criminal - SJC, o artigo concentra-se na análise dos fluxos e dinâmicas deste sistema captados pela
ótica das representações sociais dos operadores do direito na região. O pressuposto é o de que, tão relevante quanto
conhecer as práticas e os números que apontam o funcionamento do SJC, é captar as representações que os operadores,
na condição de atores do sistema, elaboram sobre ele. Se as formas de concretização das práticas podem ser responsáveis
por sua maior ou menor eficiência e rapidez, bem como por seus efeitos - perversos ou positivos - na dinâmica
geral do SJC , as representações construÃdas por estes atores incidem igualmente sobre as mesmas, orientando condutas
que podem reproduzir, tanto quanto transformar ou re-significar, tais práticas. Em última instância acredita-se que o
conjunto das práticas e de suas representações tenha desdobramentos mais ou menos diretos sobre o montante e as
modalidades de homicÃdio que caracterizam a região. A hipótese que aqui se defende é a de que, para além do que
apontam os dados - numéricos ou não - há um não-dito, e por vezes um interdito, que organiza práticas e que não pode
ser esquecido ao se compreender a natureza das polÃticas de segurança pública em geral.