O objetivo desse trabalho é comparar o uso da focalização como elemento configurador da aridez relacional em duas mÃdias distintas, o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos (1938) e sua adaptação homônima, dirigida por Nelson Pereira dos Santos (1963). Para tanto, lançamos mão da teoria narratológica de Gerard Genette (1995; 2008) e seus comentadores como Reis e Lopes (1988) e Gaudreault e Jost (2009); além disso, fizemos uso de teóricos da análise literária que trabalharam com o referido romance, incluindo Candido (1992) e Mourão (1971), e com o filme (BRITO, 2006). Diante de nossa pretensão, elegemos como recorte para explicitar a descontinuidade de ponto de vista os capÃtulos intitulados “Menino mais novo’ e “Menino mais velhoâ€, bem como três momentos em que a famÃlia aparece reunida, e suas respectivas sequências adaptadas para a obra cinematográfica. Realizadas as análises constatamos que a aridez relacional se concretiza em Vidas secas, livro e filme, a partir de alguns elementos, tais como: a estrutura, a descontinuidade da focalização e, sobretudo, pela dificuldade de interação configurada, especialmente, pela escassez de diálogos. Desse modo, concluÃmos que a aridez relacional, por ser um traço caracterÃstico e comum aos dois textos, reforça a presença das relações dialógicas estabelecidas entre a obra literária e a fÃlmica.