O presente artigo tem por objetivo principal apresentar um arcabouço teórico-metodológico alternativo que possibilite a análise do comportamento do camponês na Amazônia brasileira no que diz respeito à adoção do fogo como técnica de manejo da terra. A partir de uma ‘reconstrução teórico-metodológica’, pretende-se: (i) demonstrar a inadequação das formulações amplamente utilizadas (mainstream) de modelos de previsão do comportamento do agricultor familiar provindas da vertente Neoclássica da teoria econômica, fundamentadas nas noções de racionalidade e maximização de utilidade; (ii) apresentar um modelo conceitual alternativo do comportamento do camponês quanto à adoção do fogo como técnica de manejo da terra, demonstrado preliminarmente por uma tipologia do camponês do Corredor da BR-163; (iii) estabelecer ‘diálogos transversais’ que perpassem as diversas disciplinas nas quais o fenômeno em foco se manifesta. O campo da produção camponesa na Amazônia brasileira servirá como empiria para a identificação da dinâmica social e análise do comportamento do camponês como agente desse subcampo econômico. Em suma, este trabalho pretende qualificar o problema do uso do fogo e suas consequências na vida do homem rural amazônico, de forma a contemplar os diversos aspectos da ‘realidade complexa’ em que ele se insere e preencher a lacuna existente na literatura sobre o tema.