Desde a antiguidade clássica, verifica-se uma poética da voz realizada a partir de diversas funções sociais ritualizadas pela palavra. Isso confirma uma tradição oral que persiste em nossos dias, agregada em vários aspectos do quotidiano (ZUMTHOR, 1993). A escrita nasce, então, como resposta à s necessidades dos povos que narram a memória de sua gente e buscam, através dessas narrativas, a explicação e atualização da vida humana. Corroborando com tais assertivas, dados de pesquisas que venho desenvolvendo com gêneros textuais diversos das culturas populares, no campo das linguÃsticas aplicada e pragmática/discursiva, vêm demonstrando que os estudos do letramento são hoje um campo promissor de investigação e elaboração de métodos que buscam reunir pesquisas interessadas pela descrição e explicação da influência da oralidade e da escritura nas práticas culturais de sociedades letradas, o que contribui para a formação de professores de lÃngua portuguesa empenhados na constituição de sujeitos escolares aptos para uma convivência sociocultural efetiva. Diante disso, destaca-se o fenômeno do letramento que extrapola o mundo da escrita e se interessa pela letra como prática sociocultural; o que permite fundamentar um estudo em diálogo com outros pesquisadores que compartilham com a ideia de um
ensino de lÃngua baseado em eventos e práticas de letramento, em que a voz antecede, atravessa e “finaliza†a produção escrita, animando o texto e atualizando discursos de um material regional tÃpico do Nordeste: os
folhetos de cordel brasileiros. Uma perspectiva de estudo que cobra a compreensão do lugar e do tempo que compõem o sujeito escrevente e falante, e/ou mesmo, que escreve para simular uma fala: ação dialógica e ideológica, marca de acontecimento sociocultural do homem na história.