Uma consciência social dos jovens orientada para o desenvolvimento humano
exige atenção especial à construção da sua consciência histórica, fundamentada
em reflexões epistemológicas instigantes (de Rüsen e outros autores). Esta
preocupação tem conduzido a diversas pesquisas na área da educação histórica,
entre os quais o Projeto Consciência Histórica – Teoria e Práticas que, em
estudos de natureza qualitativa, explorou as narrativas de jovens lusófonos acerca
do mundo contemporâneo. Neste projeto, concebeu-se uma proposta de
construção de uma narrativa escrita, pelos jovens, sobre a história nacional e a
história mundial nos últimos 100 anos. Numa primeira fase, participaram estagiários
de História de três universidades portuguesas, e em fases subsequentes,
jovens em final de escolaridade obrigatória em Portugal, Brasil e Moçambique. A
análise indutiva das narrativas sugeriu que os jovens destes paÃses revelam uma
identidade nacional relativamente fundamentada, sem xenofobias. Quanto à s
narrativas globais, as dos jovens portugueses e moçambicanos aparecem muito
menos substanciadas do que as nacionais, enquanto as dos jovens brasileiros
narram a um mesmo nÃvel a história do paÃs e do mundo, interligando-as. As
produções portuguesas e brasileiras mostram poucos protagonistas, emergindo
apenas alguns “vilõesâ€. Por outro lado, os jovens brasileiros e moçambicanos
mostram-se interventivos face ao presente; já os jovens portugueses, que apareciam
como meros espectadores da História, só recentemente parecem estar a
mudar de atitude. Estes e outros resultados da análise das narrativas dos jovens
podem constituir-se como pistas valiosas para o trabalho docente, na perspectiva
de intervenção positiva na formação da consciência histórica e social
dos jovens.
The youngsters’ social consciousness while oriented toward the human development requires a special attention to constructing their historical consciousness grounded on challenging epistemological reflections (Rüsen’s and other authors’). Such a concern has inspired several inquiries in the history educaton field, namely the Historical Consciousness – Theory and Practices Project in which a set of qualitative studies has been exploring the narratives about the contemporary world given by Portuguese-speaking youngsters. In this Project a proposal to account for the national and the world history in the last hundred years was presented to the young participants. In the first phase of those studies the participants were a group of preservice trainees from three Portuguese universities; in subsequent phases, the participants were youngsters attending the final years of compulsory schooling, from several regions in Portugal, Brazil, and Mozambique. The inductive analysis suggested that the
youngsters reveal a relatively well-grounded national identity, showing no signs of xenofobia. However, the world accounts given by Portuguese and Mozambican youngsters appear much less substantiated than the national ones, contrary to those of the Brazilians, who account for the history of their country and the world at the same level, interrelating them. In the accounts written by Portuguese and
Brazilian students only a few individual characters appear, just a few ‘villains’ emerging. But, if the youngsters in Brazil and Mozambique show to be keen to intervene in their time, in Portugal and till 2010, they conveyed the idea of mere spectators of history, only recently appearing to move from that attitude. These and other results from data analysis may constitute valuable clues to the teaching
work if it is perspectivated as a positive intervention for the formation of the young people’s historical and social consciousness.