Este artigo descreve a evolução das negociações em torno das mudanças climáticas em busca de
um acordo global mais inclusivo e eficaz, e de que forma os principais países se posicionam e se
agrupam, demonstrando que a configuração geopolítica dessas negociações vem sofrendo
mudanças. As divergências Norte-Sul, determinadas em termos de desenvolvimento, conformaram
durante longo tempo o rumo das negociações, inclusive a base para a construção do subsistema
da ordem ambiental internacional para mudanças climáticas, através do princípio das
“responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. No
entanto, o estado atual das negociações
climáticas mostra que essa divisão deu lugar a um agrupamento de países definido em termos de
espacialização das emissões de gases-estufa. Um maior conhecimento científico em torno das
causas e consequências das mudanças climáticas, levantado pelas pesquisas e relatórios
publicados pelo IPCC, e uma mudança no panorama mundial definido pelos jogos de poder entre
as potências são elementos que servem de base para a observação de uma mudança na geopolítica
das mudanças climáticas. A geopolítica que se percebe hoje opõe os grandes emissores globais de
GEE aos países com emissões significativas e em crescimento, mas que não conseguem,
isoladamente ou em pequenos grupos, exercer poder, em nível global, suficiente para alterar os
resultados internacionais.