O artigo aponta para a contradição da missão quinhentista entre a universalidade geográfica e a exclusividade salvÃfica. O ator social que se move nessa contradição, Francisco Xavier, cujo quinto centenário de nascimento recentemente celebramos, em 1927, junto com Teresinha de Jesus, foi declarado padroeiro das missões católicas. O despojamento de Francisco era radical e prudente. Nunca procurou “curtir†a sua obra, descansar sobre glórias alcançadas. Seu coração estava onde seus pés andavam e seus braços se multiplicavam. A constelação polÃtica da Ãsia não permitiu a Francisco lançar as raÃzes de uma nova cristandade. Na Ãndia e no Japão, onde desenvolveu sua missão ad gentes, o catolicismo tem até hoje um papel, numericamente, marginal. A importância do seu labor missionário não está na quantidade dos batizados, mas na qualidade do seu testemunho. E este testemunho está ainda presente nos kirishitan (cristãos) que, para a surpresa dos missionários do século XIX, por mais de duzentos anos viveram a sua fé no Japão, no martÃrio e na clandestinidade.