Analisaremos neste estudo alguns dos processos de (re) existência do povo Huni Kuĩ, localizados hoje no estado do Acre, objetivando compreender as múltiplas formas que versam sobre as relações de transferência de saberes e fazeres ancestrais do povo, ainda como os fenômenos sociais e econômicos que giraram em torno do apagamento destas memórias outras, bem como a sistematização curricular em um Plano Político Pedagógico, através do projeto Uma Experiência de Autoria, de 1983, em prol da retomada de seus milenares saberes, onde tiveram suas histórias marcadas por inúmeros conflitos entre seringalistas e fazendeiros ocasionando um epistemicídio (Carneiro, 2015) vivenciado por essas múltiplas identidades indígenas. Este artigo decorre do trabalho científico de uma pesquisa que envolve práticas metodológicas consistentes em análises documentais, e ainda a realização de entrevistas alicerçadas pela História Oral. O povo Huni Kuĩ, etnia originária sendo a mais populosa do estado do Acre, com 12 terras indígenas e 104 aldeias, habita um espaço territorial que vai do leste peruano à fronteira com o Acre, compreendida nas cabeceiras dos vales dos rios de cinco municípios do estado do Acre, são eles: Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus, Jordão, Feijó e Tarauacá.
In this study, we will analyze some of the (re) existence processes of the Huni Kuĩ people, located today in the state of Acre, aiming to understand the multiple ways that deal with the transfer of ancestral knowledge and practices of the people, as well as the social and economic phenomena surrounding the erasure of these other memories, as well as the curricular systematization in a Political Pedagogical Plan, through the project "An Experience of Authorship," from 1983, in favor of the recovery of their ancient knowledge, where their histories were marked by numerous conflicts between rubber tappers and farmers resulting in an epistemicide (Carneiro, 2015) experienced by these multiple indigenous identities. This article stems from the scientificwork of a research involving methodological practices consisting of documentary analyses, and also the conducting of interviews grounded in Oral History. The Huni Kuĩ people, an indigenous ethnicity originating from the most populous state of Acre, with 12 indigenous lands and 104 villages, inhabit a territorial space that extends from eastern Peru to the border with Acre, comprising the headwaters of the valleys of the rivers of five municipalities of the state of Acre, namely: Marechal Thaumaturgo, SantaRosa do Purus, Jordão, Feijó, and Tarauacá.