Neste artigo apresentam-se mecanismos de apropriação social da natureza na coleta de mangaba por mulheres
do Litoral Norte de Sergipe. A importância crescente desta atividade extrativista decorre do valor agregado
dos frutos da Hancornia speciosa pela indústria alimentÃcia regional, e no acesso à s terras produtoras. Esse
contexto de pesquisa evidencia um jogo indiciário, conforme Ginzburg (2001), que norteia a perspectiva
metodológica deste trabalho e o estabelecimento das territorialidades, compreendidas enquanto relações
existentes entre uma comunidade e seu patrimônio ecológico e sua herança social. Através de jornadas de
campo e de abordagem etnográfica, depoimentos de catadoras de mangaba foram analisados para a
demarcação das estratégias do cotidiano. Pelo fato desta atividade realizar-se em profunda dependência cÃclica
do estoque natural dos frutos, estabelece-se um processo de (re)apropriação social da natureza feito pelas
catadoras e demais agentes envolvidos na coleta dos frutos da mangabeira. Conclui-se que a territorialidade
encontra-se fortemente constrangida nos territórios analisados aponta para intrincada teia relacional e de
significados que enveredam entre o ethos discursivo das mesmas, sobretudo das mais idosas catadoras como
pertencimento e as condições objetivas de manutenção desse segmento vivenciadas pelas catadoras mais
jovens, pressionadas entre a sobrevivência e a possibilidade, cada vez mais remota, de coexistência ante
condições desfavoráveis à continuidade desta forma de exploração da mangaba como recurso de uso comum.
Palavras-chave: Espaço, Fitogeografia, Gênero, Hancornia speciosa.