Gênero e estilos de vida no campo universitário: uma análise das práticas e preferências culturais de estudantes da Unicamp

Temáticas

Endereço:
Rua Cora Coralina, n.100 - Cidade Universitária
Campinas / SP
13083-896
Site: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas
Telefone: (19) 9696-3764
ISSN: 2595-315X
Editor Chefe: Maria Caroline Marmerolli Tresoldi
Início Publicação: 23/09/2020
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Gênero e estilos de vida no campo universitário: uma análise das práticas e preferências culturais de estudantes da Unicamp

Ano: 2023 | Volume: 31 | Número: 62
Autores: Vieira, Gustavo de Souza
Autor Correspondente: Gustavo de Souza Vieira | [email protected]

Palavras-chave: Distinção cultural, Estilos de vida, Gostos e práticas culturais, Desigualdade de gênero, Campo universitário

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Alinhado aos estudos sobre estilos de vida e distinção cultural, neste texto analiso variações de práticas e gostos culturais entre mulheres e homens internamente à população discente da Universidade Estadual de Campinas. Para tanto, utilizo dados de uma pesquisa sobre estratificação social e estilos de vida entre a população discente feita por meio da aplicação de questionários (amostra de 548 estudantes) e realização de entrevistas em profundidade (22 estudantes de diferentes posições sociais). Analisando com recorte de gênero dados de três domínios culturais (usos do tempo, preferências musicais e preferências literárias), mostro que as mulheres apresentam um padrão de práticas e gostos homólogo entre os diferentes domínios, marcado pela variedade de práticas, interesses e gostos, enquanto os homens apresentam um estilo de vida marcado pela menor carga de atividades e pela homogeneidade estética. Para explicar estes padrões, ofereço três hipóteses lastreadas na literatura sobre práticas culturais e desigualdades de gênero. A primeira é a de que há um viés de gênero no acúmulo de capital cultural impondo às mulheres discentes um trabalho maior para que consigam alcançar as mesmas posições que os homens. A segunda é a de que se trata de um onivorismo cultural orientado para a construção de senso de pertencimento e para o acúmulo de capital social. A terceira é a de que existe uma maior abertura para a ressignificação da identidade feminina a partir da mobilização de estilos de vida diversos em comparação com um estilo de vida mais homogêneo que marca a identidade masculina.



Resumo Inglês:

Aligned with studies on lifestyles and cultural distinction, in this text I analyze variations in cultural practices and tastes among women and men within the student population of the State University of Campinas. To do so, I use data from a survey on social stratification and lifestyles among the student population, carried out by applying questionnaires (sample of 548 students) and conducting in-depth interviews (22 students from different social backgrounds). Analyzing with a gender perspective data from three cultural domains (uses of time, musical preferences and literary preferences), I show that women present a pattern of practices and tastes that are homologous between the different domains, marked by the variety of practices, interests and tastes, while men have a lifestyle marked by a lower load of activities and aesthetic homogeneity. To explain these patterns, I offer three hypotheses based on the literature on cultural practices and gender inequalities. The first is that there is a gender bias in the accumulation of cultural capital, imposing greater work on women students so that they can reach the same positions as men. The second is that it is a cultural omnivorism oriented towards building a sense of belonging and accumulating social capital. The third is that there is a greater openness to the re-signification of female identity from the mobilization of diverse lifestyles in comparison with a more homogeneous lifestyle that marks the male identity.



Resumo Espanhol:

Alineado con estudios sobre estilos de vida y distinción cultural, en este texto analizo variaciones en las prácticas y gustos culturales entre mujeres y hombres dentro de la población estudiantil de la Universidad Estadual de Campinas. Para ello, utilizo datos de una encuesta sobre estratificación social y estilos de vida entre la población estudiantil, realizada mediante la aplicación de cuestionarios (muestra de 548 estudiantes) y la realización de entrevistas en profundidad (22 estudiantes de diferentes estratos sociales). Analizando con perspectiva de género datos de tres dominios culturales (usos del tiempo, preferencias musicales y preferencias literarias), muestro que las mujeres presentan un patrón de prácticas y gustos homólogos entre los diferentes dominios, marcados por la variedad de prácticas, intereses y gustos, mientras que los hombres tienen un estilo de vida marcado por una menor carga de actividades y homogeneidad estética. Para explicar estos patrones, ofrezco tres hipótesis basadas en la literatura sobre prácticas culturales y desigualdades de género. La primera es que existe un sesgo de género en la acumulación de capital cultural, imponiendo mayor trabajo a las mujeres estudiantes para que puedan llegar a los mismos puestos que los hombres. La segunda es que se trata de un omnivorismo cultural orientado a construir sentido de pertenencia y acumular capital social. La tercera es que hay una mayor apertura a la resignificación de la identidad femenina a partir de la movilización de estilos de vida diversos frente a un estilo de vida más homogéneo que marca la identidad masculina.