O objeto complexo refere-se ao reconhecimento, enquanto princÃpio, ou
paradigma, de que o objeto do conhecimento cientÃfico é uma entidade complexa, em
ampliação à visão de objeto simples herdada da Renascença e Iluminismo. A Geografia
sempre viveu a influência paradigmática moderna. Em prosseguimento ao século XIX,
os avanços iniciais do século XX que corroboraram essa ampliação, como a
Relatividade, Teoria Quântica e Teorias Sistêmicas etc, foram refletidas na Geografia
pelos protagonistas da Revolução Quantitativo e Teorética, e na Geografia FÃsica, por
exemplo, pelas proposições de A. Strahler na Geomorfologia, ambos na década de 50.
Os avanços de campos como os Sistemas Dinâmicos Não-Lineares e FÃsica do NãoequilÃbrio,
contextualizados nos sistemas dinâmicos complexos, trazem a corroboração
da complexidade do objeto do conhecimento. Flexibiliza-se, numa realidade
fundamentalmente 'processual', as referências duais do conhecimento que são vividas
dicotomicamente. Pretende-se, de forma breve, apresentar este contexto e algumas
influências na Geografia FÃsica com realce para a Geomorfologia. Para este sub-campo,
em expressão a uma tendência geral, reconhece-se a flexibilização e fluidez das
entidades forma/processo e abordagens geohistóricas/funcionais-dinâmicas, em favor de
uma perspectiva organizacional.
O século XX apresentou-se como um perÃodo de transição, ainda inacabado, de
uma visão cientÃfica estática e mecânica para uma processual e orgânica. A Teoria da
Relatividade, a FÃsica Quântica e as Teorias Sistêmicas do inÃcio do século, vieram, na
esteira da eletrodinâmica e termodinâmica antes delas no XIX, corroborar a concepção
de realidade como essencialmente processual. Como outras ciências, a Geografia viveu
muita da influência do movimentado inÃcio do século XX nas reflexões e
acontecimentos em torno da Revolução Quantitativo e Teorética da década de 50. Mas,
por fundamentais, as heranças paradigmáticas mecanicistas de fundos renascentistas e
iluministas, expressas em noções como equilÃbrio, estabilidade, simplicidade,
homogeneidade etc, que, genericamente contextualizaremos como ‘objeto (do
conhecimento) simples’, ainda continuam influenciando as condutas teóricas e práticas
de elaborações e manuseio dos modelos.