Esse artigo é resultado de discussões teóricas e, portanto, sem estudoempírico,desenvolvidas por ambos os autores junto ao Núcleo de Estudos sobreBiopoder e Práticas de Subjetivação,vinculado a Faculdade Sagrada Família –FASF, que vão ao encontro das abordagens foucaultianas realizadas por NikolasRose sobre a emergente racionalidade neoliberal estadunidense que, ao seamparar no campo da administração empresarial, acaba governamentalizando apopulação a partir de tecnologias de poder legitimadas pelas chamadas “psico-ciências”.Segundo os autores, a produção dessa nova governamentalidade nãoocorre exclusivamente através de poderes opressores e disciplinares, mastambém por meio do investimento nos selfs que perpassam a inserção detecnologias psicológicas amparadas em um conjunto de ações programadas, queagem sob a forma de tarefas, programas, auto análises,rastreamento depotenciais e gerenciamentos,incidindo concomitantemente sobre os indivíduos esobre a população. Ao pressupor que a governamentalização dessa racionalidadeneoliberal estadunidense abarca certas tecnologias de poder perpassadas pelas“psico-ciências” foi possível constatar a emergência de práticas de subjetivaçãoque fomentam a produção de um homo œconomicus, que age e pensa sempre emtermos de ganhos, baseados no “empreendedorismo de si” e no marketing pessoal, conforme apontou Michel Foucault em suas aulas no Còllege de Franceintituladas Segurança, Território, População e Nascimento da Biopolítica.