O artigo sustenta a hipótese de que o jornalismo contemporâneo atravessa uma crise em sua governança, derivada do esgarçamento das relações sociais entre as empresas jornalísticas e seus públicos (audiências, fontes, stakeholders, anunciantes, assinantes). Contra as interpretações da crise que a circunscrevem ao financiamento ou ao modelo de negócio, argumenta-se que tais dificuldades são manifestações aparentes de transformações estruturais nas relações com os públicos, que afetam tanto os processos de produção e circulação da informação jornalística, quanto sua forma organizacional predominantemente empresarial. Sobre cada uma dessas dimensões incidem ações e representações dos públicos, fortemente modificadas num intervalo de pouco mais de uma década como reação às transformações tecnológicas e de comunicação. O artigo demonstra como o conceito de governança permite compreender melhor as dimensões da crise e vislumbrar possibilidades de saída.
The article supports the hypothesis that contemporary journalism is facing a crisis of governance, derived from the fraying of social relations between the media enterprises and their audiences (readers, sources, stakeholders, advertisers, subscribers). In contrast to the interpretations that limit the crisis to the funding issue or the business model, we argue that such difficulties are apparent manifestations of structural changes in relations between journalism and the public, affecting both production and circulation of journalistic information processes, particularly concerning its corporate organizational form. Each of these dimensions is affected by actions and representations of the audiences, heavily modified in just over a decade in response to the changes in technology and communication. The article demonstrates how the concept of governance gives a better understanding of the dimensions of the crisis and a glimpse into the possible solutions.
Este artículo sostiene la hipótesis de que el periodismo contemporáneo está pasando por una crisis de gobernabilidad, derivada del deshilachado de las relaciones sociales entre los medios y sus audiencias (los lectores, las fuentes, los stakeholders, los anunciantes, los abonados). Contra las interpretaciones que circunscriben la crisis a la financiación o al modelo de negocio, se argumenta que tales dificultades son manifestaciones estructurales de cambios profundos en las relaciones con el público, que afectan tanto a los procesos de producción y circulación de la información periodística, como su forma organizacional de negocio. Las acciones y representaciones del público, muy cambiadas en un intervalo de poco más de una década en respuesta a los cambios tecnológicos y de la comunicación, afectan cada una de esas dimensiones. El presente artículo muestra cómo el concepto de gobernabilidad permite comprender mejor las dimensiones de la crisis e imaginar las posibilidades de salida.