O artigo analisa a iniciativa do governo de Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010) em utilizar as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio a fim de posicionar o Brasil como ator revisionista da governança global. A metodologia escolhida foi: revisão bibliográfica de artigos acadêmicos sobre a cooperação Sul-Sul e a Rodada; e relatos, artigos e entrevistas do Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. O artigo mostra que o contexto mundial de então (declínio da hegemonia dos EUA, ascensão de Brasil, Índia e China com alta de commodities, inserção maior dos emergentes no multilateralismo após a Rodada do Uruguai) justificava a estratégia revisionista, com a Rodada de Doha como uma oportunidade para a política externa brasileira. Embora em diversos momentos o Brasil parecesse “colher os frutos” como planejado, o (não) desfecho da Rodada caracterizou-se por resultados políticos ambíguos e resultados econômicos fracos para o que se pretendia.