Nosso objetivo neste artigo é cotejar a Gramática da LÃngua Portuguesa,1 de Pacheco Silva e Lameira de Andrade, com A LÃngua Portuguesa,2 de Adolfo Coelho, à luz da História das Idéias LingüÃsticas no Brasil, verificando suas semelhanças e dessemelhanças. A primeira, feita em nosso paÃs para suprir a lacuna advinda com o Programa de Exames de Fausto Barreto, em 1887; a segunda, em Portugal, em 1881 e divisora de águas, já que inaugura lá o método cientÃfico. Como acreditamos que os homens se parecem mais com o seu tempo do que com seus pais,3 já que não são eles que fazem a história, mas a história é quem os faz, apresentamos, primeiramente, uma rápida retrospectiva histórica, visitando os anos que antecederam a criação dos compêndios. Mostramos que o século XIX foi um momento de sensÃveis transformações tanto no Brasil, quanto em Portugal e a compreensão dessas possibilitou-nos uma melhor interpretação dos fatos. Apresentamos, sucintamente, uma biografia dos autores, pois, como diz Foucault (1979), o nome do autor já é uma descrição de sua obra. Finalmente, discutimos os dados. Pudemos perceber que, embora procurando apoiarem-se no recém-criado método histórico-comparativo, ambas refletem as ambigüidades que um perÃodo de transformações faz emergir, já que em alguns momentos sentimos a
força da tradição lingüÃstica agindo sobre a da renovação.
Our objective in this article is to analyze Pacheco Silva and Lameira de Andrade´s Gramática da LÃngua Portuguesa, and Adolfo Coelho’s A LÃngua Portuguesa, having as a basis the history of linguistic ideas in Brazil and verifying their similarities and dissimilarities. The former was elaborated in our country, in order to supply the gap created by Fausto Barreto’s Examination Program in 1887; the latter, in Portugal, in 1881 and a dividing water line, since it innaugurates the scientific method there. Once we believe that “men show more similarity to their time than to their parentsâ€, due to the fact that “these do not make history, rather, history makes themâ€, we first present a brief, historical retrospect, which visits the years that had preceded the creation of the compendia. We show that the XIX century was a moment of considerable transformation, both in Brazil and in Portugal and that thecomprehension of such transformations has enabled a better interpretation of facts. Furthermore, the article succinctly provides the authors` biographies, once, as Foucault says (1979), the author’s name is already a description of his work. Finally, we discuss the data presented. We can perceive that both grammars reflect the ambiguities originated in a period of transformations – since, at certain points, we feel the force of linguistic tradition superseding that of renewal.