No presente trabalho fazemos alguns apontamentos sobre como o processo de gramatização da lÃngua veio a instaurar um distanciamento na reflexão linguÃstica entre a lÃngua e sua utilização concreta. Argumentamos que esse distanciamento foi efetivado pelo desenvolvimento de tecnologias de apropriação da linguagem que excluem do pensamento linguÃstico a reflexão sobre os contextos sociais ou situações de enunciação. Propomos que a prevalência destas tecnologias se deve a sua eficácia em descrever as regularidades linguÃsticas e possibilitar seu domÃnio instrumental. Ao mesmo tempo, estes processos instauram um apagamento da situação social de utilização da linguagem por meio de um processo ideológico que mascara as reais condições de produção da linguagem e converte a reflexão linguÃstica em instrumento de poder e dominação.
The present paper consists in observations regarding how the process of gramatization of
language instituted a distance between language and its use in linguistic thinking. We argue that this
distancing was effected by the development of technologies which exclude from linguistic thinking
reflection on social contexts or enunciative situations. We propose that the prevalence of these
technologies is due to its efficacy in describing language regularities and enabling mastery of it as an
instrument. At the same time, these processes engender a virtual disappearance of the concrete social
situation of language use by means of a an ideological process which masks the real conditions of
language production and may turn linguistic thinking into an instrument of power and domination.