O artigo tem como objetivo a busca pela compreensão da problemática que envolve a tensão paradoxal existente entre as “línguas santas e satânicas” de Gregório de Matos, presentes respectivamente em suas líricas e sátiras, enfatizando, com relação às líricas, as obras de cunho religioso, a fim de estabelecer melhor a diferença do “dualismo linguístico” sacro e profano de sua criação poética.Paralelo a isso, pretende-se também, compreender de que modo e até que ponto a vida social e política no Recôncavo baiano, bem como o caráter nato e único do Boca do Infernoinfluenciaram a criação de suas obras. Para tanto, a pesquisa foi desenvolvidacom base em estudos bibliográficos e apoiando-se em teóricos da literatura brasileira como Afrânio Coutinho, Massaud Moisés, Haroldo de Campos, Antonio Candido e José Aderaldo Castello.Por fim, Falar de Gregório é entrar, inconscientemente, no significado mais lógico e fiel do que é ser barroco. Seria Gregório de Matos o Boca do céu ou do inferno? Partindo dessa indagação e da ânsia de conhecê-lo sob os dois aspectos, o tema e a criação do trabalho foram motivados peloentusiasmo da tentativa de entender a figura barroca e contraditória de Gregório.