Neste artigo proponho pensar a relação de homens com os espaços em que vivem tratando de uma forma de moradia bem específica, a casa moderna. Valendo-me das contribuições de Norbert Elias e Pierre Bourdieu, busco articular os estilos de vida aos modos de morar interpelando a habitação a partir da noção de habitus, entendida como uma maneira de ser e também de habitar marcadas por disposições herdadas e adquiridas. A abordagem se vale da ferramenta da reconstituição biográfica, o que dá centralidade ao cliente, contrastando, assim, com que é feito na historiografia canônica da arquitetura. O local de ancoragem desse exercício de análise é a residência encomendada pelo médico polonês Febus Gikovate ao arquiteto e professor universitário Vilanova Artigas, no final dos anos 1940, em São Paulo.