Este trabalho investiga a dinâmica no uso de derivativos de moedas por parte de empresas não financeiras
brasileiras a partir de um banco de dados único, que contém 29 mil operações de balcão efetivamente contratadas
por essas empresas junto a um grande banco internacional, entre 2003 e 2011. Embora pesquisas no Brasil
(Novaes & Oliveira, 2005; Rossi, 2011) e nos EUA (Géczy, Milton, & Schrand, 2007) apontem para a existência
de uma conduta especulativa nas decisões dos gestores, o efetivo impacto desse tipo de comportamento nas
decisões da empresa ainda é pouco conhecido, bem como suas implicações para a gestão financeira de riscos e a
governança corporativa. Nossa metodologia compara os retornos de contratos que foram mantidos até o
vencimento, com os de contratos cuja liquidação foi antecipada pelas empresas. Os resultados mostram que, no
perÃodo de 2003 a 2008, houve um forte componente especulativo nas decisões cotidianas de tomada e desmonte
de posições com derivativos cambiais das empresas. Já no perÃodo de 2009 a 2011, não se identifica tal
comportamento especulativo, em linha com os resultados de Coutinho, Sheng e Lora (2012). Os resultados
reforçam a evidência de que as grandes perdas com derivativos cambiais em 2008 tenham funcionado como um
alerta para gestores, conselheiros, investidores e reguladores, que passaram a monitorar mais atentamente as
operações com derivativos.
This study investigates the dynamics of currency derivatives usage by Brazilian non-financial firms, using a
unique database of over-the-counter operations contracted between these companies and a large international
bank between 2003 and 2008. Although prior studies using Brazilian (Novaes & Oliveira, 2005; Rossi, 2011)
and US (Géczy, Milton, & Schrand, 2007) firms point to the existence of speculative behavior in managers’
decisions, the effective impact of this behavior on the companies’ operations is still little known, as are its
implications for financial risk management and corporate governance. Our methodology compares the returns of
derivatives contracts that were settled at their originally contracted maturity, with the return of contracts whose
settlement was anticipated by the firm. We find evidence that routine decisions to commit to and unwind
derivatives positions were influenced by speculative behavior in the period 2003-2008. However, during the
period 2009-2011, we find no evidence of speculation, in line with the results of Coutinho, Sheng and Lora
(2012). Our results reinforce the evidence that massive losses caused by currency derivatives in late 2008
worked as a wake-up call for managers, boards, investors and regulators, who started monitoring derivatives
operations more closely.